O ano era 2010. Eu tinha acabado de chegar da Irlanda, onde havia morado por 4 anos e já dava de cara com o casamento do meu irmão do meio. Festa linda, comida maravilhosa, mas vou ser honesto. Não estava acostumado com tudo o que estava acontecendo por aqui, como país.

Na verdade, tenho que reconhecer que estava sendo um cara muito chato, antipático e doutor da razão. Eu sei, eu sei, esses “pitis” de adolescente não são nada agradáveis, mas o fato é que não estava curtindo nada o Brasil. Não conseguia me readaptar a nada aqui (nem o tempo quente, dá pra acreditar?), e de novo, eu sei que não é legal, mas dá uma colher de chá, estou tentando ser honesto. 😉

Enfim, de tudo o que ia rolando de forma diferente daquilo que eu imaginava e gostaria que fosse, a pior delas eram as idéias malucas do meu pai. Eu odiava todas. Mas a idéia mais maluca que ele teve me deixou de cabelos em pé (de forma metafórica, eu já não tinha cabelo na época).

Ele insistiu que não houvessem daminhas levando as alianças. ELE queria levar as alianças. Ou melhor, ele levaria a cachorra dele, a Michele, que por sua vez, levaria as alianças.

Sério. Uma cachorra.

E eu não estou falando de uma pequena Poodle. Estou falando de uma São Bernardo gigante, babona e desastrada. Pronta para aprontar alguma na festa do casamento do meu irmão.

Eu falei com meu pai. Eu falei com meu irmão. Tentei demover essa idéia da cabeça da família toda. Mas meu pai tinha uma idéia fixa. Estava determinado a transformar o casamento do meu irmão em um filme do Beethoven, aquele cachorro babão que estraga as festas e a vida de todo mundo e mesmo assim todo mundo adora ele.

E chega o grande dia.

Todo mundo lindamente vestido. Festa linda antes. Fogos de artifício. Trompetes. Entrada dos padrinhos. A noiva chega na sua bela limousine. O pai da noiva a leva ao altar, onde o noivo a esperava. Hora do show…

Hora de descobrir a surpresa que meu pai havia preparado para os noivos…

De repente, uma cachorra aparece sozinha no fim do tapete vermelho, todos se chocam.

“Uma cachorra no tapete vermelho dos noivos!”

Ouvimos muito “Ohhhhh!!!” e “O que é isso”, bem discretos, mas que dava pra ouvir em meio aquele silêncio sepulcral. Meu rosto estava vermelho de vergonha e indignação. E olha que eu sou negão, nunca tinha ficado rubro na vida (Eu sei porque vi a fotos!).

De repente, meu pai chega ao lado da cachorra, que dá a mão para ele cumprimentar. Ele segura na sua coleira (que tinha uma armação em cima, onde as alianças estavam posicionadas) e começam a andar em direção aos noivos.

A cachorra percorre todo o caminho na mais perfeita tranquilidade, e todos começam a sentir aquele momento de forma única, alguns choram, outros levam as mãos a boca, outros tiram fotos… A vergonha alheia (e própria) se transforma em alegria, contentamento e emoção.

Talvez por causa daquele amor incondicional entre animal e dono, talvez porque meu pai conseguiu adestrar um bicho daquele tamanho em pouco tempo para levar as alianças ao altar.

Realmente nunca vou saber o porque mesmo. Mas essa foi uma dessas cenas, banais para quem lê, mas muito significativas para quem estava lá assistindo.

E essa experiência me ensinou uma lição inestimável.

Péssimas idéias podem na verdade ser idéias geniais.

Pedi desculpas imediatamente ao meu pai, claro. Aqui tem até uma foto do momento…

Levando isso para os negócios e mais especificamente para a minha área de atuação, o Growth, temos algumas lições nessa história:

  • Segurança não oferece tantas possibilidades quanto o risco. Se vc está disposto a arriscar, as chances são de que você vai acabar encontrando o seu melhor caminho. Pode até não dar certo, mas você nunca vai saber se não testar.
  • Visionários tem telhado de vidro e vão ser apedrejados o tempo todo. Mas fazer as coisas de uma maneira diferente exige que sejamos persistentes.
  • O Pioneiro de qualquer coisa vai sofrer mais que qualquer um. Se pessoas como Martin Luther King não tivessem acreditado nas suas idéias e que segregação racial era ruim, talvez ela existisse até hoje. Se Santos Dumont não tivesse inventado o avião, talvez, todos acreditassem hoje que voar seria algo impensável e impossível.
  • Startups como Google, Facebook, Airbnb pareciam idéias malucas, vindas do além. Muitos investidores riram da cara das pessoas por trás dessas empresas, por acharem suas idéias excêntricas demais ou totalmente malucas mesmo. Onde esses caras estão hoje?
  • Medo de errar é aquilo que impede as pessoas de prosperarem. Errar faz parte de todo aprendizado e deve ser comemorado tanto quanto os acertos. O problema não é errar, é não saber onde errou e nem aprender com os próprios erros.

Como disse Richard Bronson, da Virgin:

Traduzindo:

“Toda idéia pode ser uma ótima idéia se você pensar de forma diferente, sonhar alto e se comprometer a realizar esse sonho”.

Afinal, o que separa uma idéia ruim de uma boa? E qual a sua idéia maluca? Vamos pensar em um jeito de colocar ela em prática? Fale comigo!

Um grande abraço e até mais!

Sobre: Anderson Palma é consultor, especialista em Growth e Inbound Marketing. Já passou por agências e áreas de Marketing de grandes empresas no Brasil e no exterior e hoje comanda alguns projetos sensacionais como aPalma Marketing. Anderson compartilha histórias encantadoras sobre marketing, publicidade e propaganda, social media e inovação. Siga seu perfilpara acompanhar as próximas!

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