Impeachment e Efeito Manada: Lenda ou Realidade?

A última semana foi bem interessante para aqueles que acompanham o cenário político Tupiniquim. Alguns dizem até que a situação mais parece um episódio do seriado americano “House of Cards”, mas com personagens bem brasileiros, como Michel Temer, Dilma Roussef e Eduardo Cunha.

Eduardo Cunha, presidente da Camara dos Deputados, definiu as regras para a votação do envio do processo de Impeachment da presidente Dilma Roussef para o senado de maneira um pouco diferente do que rezava a cartilha.

E foi tanta controvérsia que o caso foi parar no STF, que avaliou o caso como exagerado, afinal, são 498 deputados adultos, inteligentes e que ajudam a escolher a direção que um processo de grande magnitude.

Impeachment e Efeito Manada: Lenda ou Realidade?

No fim das contas, como todos sabem, a votação do Congresso acabou sendo definida com folga pelo impeachment da Presidente Dilma Roussef, mas antes disso acontecer, muita confusão foi gerada pela polêmica da possibilidade de alteração da ordem dos votos que poderia influenciar a decisão de alguns deputados, o chamado Efeito Manada.

Efeito Manada: Lenda ou Realidade?

Efeito Manada: Lenda ou Realidade?

Se você não sabe o que é o efeito manada, acompanhe o que diz a wikipedia:

Efeito Manada é o termo usado para descrever o comportamento de indivíduos em situações que quando em grupo reagem da mesma forma, embora não exista direção planejada.

Dentro do Supremo Tribunal Federal, discutiu-se muito se isso poderia realmente acontecer e se os deputados poderiam decidir o seu voto na última hora.

Afinal, é uma votação importante, definindo os rumos do país e os deputados não podem ser tão estúpidos a ponto de se deixar levar pela maioria.

Ou podem? O efeito manada existe? E se existe, seria possível algum deputado ter deixado para a última hora uma decisão desse porte?

Segundo a psicologia, sim, tudo isso existe e é possível. E mais, é ainda muito provável de acontecer, mesmo em um caso de tanta repercussão.

O ser humano é menos suscetível a esse tipo de comportamento do que outros animais, como os que andam em manada e de onde foi emprestado o termo.

Os animais realizam o efeito manada especialmente quando estão em perigo.

Mas apesar do ser humano possuir habilidades cognitivas mais elaboradas que estes animais, a auto-preservação faz coro e o efeito manada acontece mesmo quando não existe perigo real de morte.

Ele é um mecanismo cognitivo evolutivo, que nos faze tomar decisões não conscientes, quando o grupo esta presente.

A compreensão deste efeito começou a ser estudada por Solomon Asch, no início da década de 50. Esse estudo foi chamado de Experimento da Conformidade Social e reproduzido posteriormente em diversos estudos.

Solomon estudou o comportamento das pessoas através de testes controlados em que tentava determinar como o julgamento individual pode ser influenciado por seu grupo.

Ele colocou atores em meio a pessoas que participavam do experimento e pediu a todos que respondessem a perguntas cujas respostas eram muito óbvias.

Uma das perguntas realizadas foi “De que cor é o mar?”. E como os atores foram instruídos a responder erroneamente com cores como “laranja” ou “roxo”, se percebeu que quando chegava a vez daqueles que não haviam sido instruídos, a probabilidade de resposta incorreta e equivalente a dos atores era de 50%. Vejam o vídeo (em inglês).

 

Isso mesmo, metade das pessoas resolveu responder erroneamente, seguindo a maioria.

Não porque não sabiam a resposta, mas porque preferiam pertencer ao grupo e estar errado do que estar fora dele e estar certo.

Recentemente, um vídeo foi colocado na internet com o intuito de demonstrar o mesmo efeito manada. No vídeo, atores em um consultório médico se levantam toda vez que um bipe toca. Enquanto as pessoas vão sendo chamadas para conversar com o médico, as pessoas que ficam na sala de espera continuam a se levantar ao toque do bipe, mesmo depois que todos os atores já saíram do local. Dê uma olhada no vídeo (legendado) para entender melhor:

Impeachment e Efeito Manada: Lenda ou Realidade?

Ok, você vai dizer que não segue o grupo, que se recusaria a fazer parte disso apenas para agradar ao grupo. Então vamos imaginar uma situação hipotética mais relacionada ao Marketing.

Você está andando em lugar que você não conhece e está com muita fome.

logo a frente, você vê dois restaurantes, um do lado do outro e deve atravessar a rua e escolher em qual dos dois você vai comer.

Ambos são iguais, tem as mesmas cores, logos parecidos e estilos semelhantes.

Efeito Manada: Lenda ou Realidade?

Apenas uma coisa diferencia os dois restaurantes:

Um têm 3 pessoas comendo e o outro não tem nenhuma.

Qual você escolhe?

Bom, de acordo com os estudos realizados por pesquisadores como Solomon, é o que tem pessoas dentro.

Faz parte do nosso instinto.

E é esse o exato motivo das vendas por indicação em redes sociais ou pessoalmente serem mais fáceis de se fechar para o vendedor do que as negociações em que não existe ainda um relacionamento. Dizer não fica muito difícil.

E esse é exatamente o motivo de tentarmos gerar autoridade para uma marca antes de tentar vender.

Efeito Manada: Lenda ou Realidade?

As pessoas tendem a seguir outras em quem confiam, e quando em grupo elas confiam piamente, sem questionar.

Do ponto de vista do consumidor, esse mecanismo de auto-preservação parece não fazer sentido em alguns momentos mas serve para nos poupar de muitas dores de cabeça e de ter que pensar em respostas a todas as perguntas, todo o tempo.

Mas do ponto de vista da sua empresa, é um mecanismo muito importante para ser explorado e deve ser utilizado com parcimônia, afinal os ventos, assim como políticos ou uma manada, podem mudar de direção repentinamente.

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